quinta-feira, 21 de junho de 2007



Hummm.... noite assim, meio assim e recebo um convite irrecusável à leitura.
Antônio Almeida Calado era manso e tranqüilo como um asno. Desde que percorrera entranhas de sua mãe para desabar no mundo jamais demonstrou qualquer inclinação ao embate. Em seu nascimento, um parto normal e estranhamente tranqüilo, concluíram petrificadas, a angustiada mãe e a parteira da casa que era uma mulher negra e sangüínea, ao não identificarem qualquer manifestação daquela criaturinha imóvel, que o bebê estivesse morto. Ficaram ainda mais chocadas quando sem a menor cerimônia a criaturinha minúscula esticou seus pequenos braços e abriu os olhos displicentemente, como se ali à sua frente não tivesse qualquer novidade: seus olhos eram dois abismos profundos, do mais profundo tédio. Antônio Almeida Calado nascera dormindo. Comentaram alguns presentes que, em vez de chorar, o bebê bocejou
um bocejo demorado, sonolento e bizarro. Isso ocorreu por volta de
1982, em uma manhã comum de uma pequena cidade, realmente
insignificante, e cujo nome não tem qualquer importância.

Texto de Nazianzeno.

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