Estava lendo a respeito desta nossa atual e complexa era das aparências, de vaidades e tolices, que tem a publicidade como porta voz do consumismo desmedido, compulsivo, da busca pelo prazer a todo custo, do imediatismo, dos excessos.
Da publicidade que contribui para formar essa cultura hedonista e individualista, que não admite sofrimento, que busca a perfeita estética corporal, que faz com que as pessoas tenham vergonha de sentir dor, vergonha de rejeitar o que é da natureza humana.
Penso sobre o modo de vida que faz com que andemos sempre com muita, mas muita pressa. O objetivo é ganhar tempo. O ideal é que tudo seja muito prático e o interessante é que tudo já venha prontinho, e, se puder fazer tudo ao mesmo tempo, comer enquanto dirige, enquanto fala ao celular, tudo isso para ganhar tempo. Tempo para que mesmo?
Para estar perto de quem se ama, para o convívio com os amigos, com a família, para ficar mais junto?
Um tempo em que é proibido envelhecer, que é proibido lidar com as limitações do próprio corpo. Um corpo que nada mais é do que algo em que se investe para o outro, para ser objeto de desejo.
Uma era que propõe uma vida que não é a nossa, mas uma vida que nos está sendo imposta, sem que tenhamos tempo para avaliar, para reinventar outras formas, outras maneiras que nos possibilite ser desacorrentado deste “mundo de excessos”.
A triste conclusão é que a maioria das pessoas vive um vazio de idéias e crenças, por isso tanta ansiedade, angústia e depressão.
O que pode nos salvar é o exercício da intelectualidade, do conhecimento. É manter os olhares sempre atentos para os princípios morais e éticos. É acima de tudo não deixar-se coisificar.
Da publicidade que contribui para formar essa cultura hedonista e individualista, que não admite sofrimento, que busca a perfeita estética corporal, que faz com que as pessoas tenham vergonha de sentir dor, vergonha de rejeitar o que é da natureza humana.
Penso sobre o modo de vida que faz com que andemos sempre com muita, mas muita pressa. O objetivo é ganhar tempo. O ideal é que tudo seja muito prático e o interessante é que tudo já venha prontinho, e, se puder fazer tudo ao mesmo tempo, comer enquanto dirige, enquanto fala ao celular, tudo isso para ganhar tempo. Tempo para que mesmo?
Para estar perto de quem se ama, para o convívio com os amigos, com a família, para ficar mais junto?
Um tempo em que é proibido envelhecer, que é proibido lidar com as limitações do próprio corpo. Um corpo que nada mais é do que algo em que se investe para o outro, para ser objeto de desejo.
Uma era que propõe uma vida que não é a nossa, mas uma vida que nos está sendo imposta, sem que tenhamos tempo para avaliar, para reinventar outras formas, outras maneiras que nos possibilite ser desacorrentado deste “mundo de excessos”.
A triste conclusão é que a maioria das pessoas vive um vazio de idéias e crenças, por isso tanta ansiedade, angústia e depressão.
O que pode nos salvar é o exercício da intelectualidade, do conhecimento. É manter os olhares sempre atentos para os princípios morais e éticos. É acima de tudo não deixar-se coisificar.
Eu, Etiqueta - Carlos Drummond de Andrade
Em minha calça está grudado um nome que não é meu de batismo ou de cartório, um nome... estranho. Meu blusão traz lembrete de bebida que jamais pus na boca, nesta vida. Em minha camiseta, a marca de cigarro que não fumo, até hoje não fumei. Minhas meias falam de produto que nunca experimentei mas são comunicados a meus pés. Meu tênis é proclama colorido de alguma coisa não provada por este provador de longa idade. Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro, minha gravata e cinto e escova e pente, meu copo, minha xícara, minha toalha de banho e sabonete, meu isso, meu aquilo, desde a cabeça ao bico dos sapatos, são mensagens, letras falantes, gritos visuais, ordens de uso, abuso, reincidência, costume, hábito, premência, indispensabilidade, e fazem de mim homem-anúncio itinerante, escravo da matéria anunciada. Estou, estou na moda. É doce estar na moda, ainda que a moda seja negar minha identidade, trocá-la por mil, açambarcando todas as marcas registradas, todos os logotipos do mercado. Com que inocência demito-me de ser eu que antes era e me sabia tão diverso de outros, tão mim-mesmo, ser pensante, sentinte e solidário com outros seres diversos e conscientes de sua humana, invencível condição. Agora sou anúncio, ora vulgar ora bizarro, em língua nacional ou em qualquer língua (qualquer, principalmente). E nisto me comprazo, tiro glória de minha anulação. Não sou - vê lá - anúncio contratado. Eu é que mimosamente pago para anunciar, para venderem bares festas praias pérgulas piscinas, e bem à vista exibo esta etiqueta global no corpo que desiste de ser veste e sandália de uma essência tão viva, independente, que moda ou suborno algum a compromete. Onde terei jogado fora meu gosto e capacidade de escolher, minhas idiossincrasias tão pessoais, tão minhas que no rosto se espelhavam, e cada gesto, cada olhar, cada vinco da roupa resumia uma estética? Hoje sou costurado, sou tecido, sou gravado de forma universal, saio da estamparia, não de casa, da vitrina me tiram, recolocam, objeto pulsante mas objeto que se oferece como signo de outros objetos estáticos, tarifados. Por me ostentar assim, tão orgulhoso de ser não eu, mas artigo industrial, peço que meu nome retifiquem. Já não me convém o título de homem. Meu nome novo é coisa. Eu sou a coisa, coisamente.
2 comentários:
De uma simples e, de certa forma, suave e singela, o mineiro Carlos Drumonde de Andrade, nos obriga a uma série de reflexões sobre nossas reações ao mundo em que vivemos. No caso do texto, o mundo das marcas, da moda, da publicidade. Uma jóia!
É verdade, estamos vivendo presos à um sitesma que só visa o que temos e não o que somos, nós somos rotulados pelo que usamos ou consumimos. Situação preoculpante .-.'
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