terça-feira, 21 de outubro de 2008

Pétala que despetalou



Por Telga Lima

Foi apenas uma pétala que despetalou
Foi assim, uma troca de palavras rápidas e significativas que calaram a minha voz, pois já era hora do coração descompassar, se atenuar, respirar primavera, se aquietar.
Um toque meio desajeitado e algo me repudiou de imediato, meu coração ainda não estava preparado, achava que estivesse.
Um segundo toque e o meu corpo reconheceu algo de muito bom apesar da resistência. Foi assim, sem troca de palavras, apenas respiração sem deixar os olhos se cruzarem.
Foi assim, pouco depois os olhos se encontraram e só então o coração sentiu que algo de muito bom acontecia e o corpo já não mais resistia.
Depois as palavras fizeram a festa pra reiterar que todas aquelas sensações eram realmente boas para o corpo, para o coração, para o jeito, para o imediato, para o repúdio.
E aí o entorpecer me fez caminhar em plumas, sentir a brisa em baixo de um sol torrencial.
É manhã e simplesmente nos damos conta disso, que é manhã. Mais um dia, mais uma espera.
E o coração que acreditou, bom, este não estava preparado para o descaso, para a indiferença, para o medo. Ele estava preparado apenas para amar, apesar do pouco preparo ou do total despreparo em ter que lhe dar com o adeus, com o nunca mais que nada deixou, nem ao menos a esperança de que um dia outros olhos iriam cruzar os meus, outro toque iria me repudiar, outras palavras rápidas e significativas eu iria ouvir.
A única e prematura certeza que tenho é a de que foi apenas uma pétala que despetalou, numa primavera dessas da vida.