segunda-feira, 24 de dezembro de 2007


Receita de ano novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido (mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,

Você não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.

Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Drummond

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Festival de Cinema


Festival de Cinema de Natal promove tarde de autógrafos

MAIS COMUNICAÇÃO (Flávio Marinho) - O diretor geral do Festival de Cinema de Natal (FestNatal), jornalista Valério Andrade, confirmou a presença dos atores John Herbert, Emiliano Queiroz e do escritor e crítico de cinema, Alfredo Sternheim durante à tarde de autógrafos que será realizada na Livraria Siciliano no próximo dia 11 de Dezembro, às 17h. No plano local o livro escolhido para ser lançado foi \"Crônicas do Beco da Lama\", do jornalista e escritor Leonardo Sodré.
John Herbert lançara sua biografia, escrita por Neusa Barbosa, \"John Herbert: Um Gentleman no Palco e na Vida\" e Emiliano Queiroz, que ficou celebre pela sua atuação na novela O Bem Amado, interpretando o personagem Dirceu Borboleta, autografa \"Emiliano Queiroz: Na Sobremesa da Vida\", de autoria de Maria Letícia. Já o escritor de crítico de cinema Alfredo Sternheim, lança \"Luiz Carlos Lacerda: Prazer e Cinema\" e \"Suely Franco: A Alegria de Representar\". O livro \"Crônicas do Beco da Lama\", do natalense Leonardo Sodré, chamou a atenção da direção do FestNatal 2007 pelo interesse de alguns cineastas de produzir curtas em torno das histórias boêmias de Natal, contidas na obra.
Mostra Competitiva
O ponto alto da programação do Festival de Cinema de Natal (FestNatal 2007) será em Dezembro, quando de 07 a 13 ocorrerá à mostra competitiva no Moviecom (Praia Shopping), que apresentará grandes produções brasileiras, num dos festivais de cinema mais antigos do Brasil, que contará com a presença de atores consagrados da dramaturgia brasileira.
Serviço
FestNatal lança livros
Autores: John Herbert, Emiliano Queiroz, Alfredo Sternheim e Leonardo Sodré.
Livraria Siciliano
Local: MidWay Mall
Data: 11 de Dezembro de 2007
Hora: 17h

sábado, 24 de novembro de 2007

O Bolero de Ravel



Confesso que não o conhecia profundamente, a não ser mesmo pelo Bolero de Ravel. Lamento o fato de sua morte neste dia 22 de novembro. O coreógrafo francês Maurice Béjart, que aos oitenta anos trabalhava intensamente, estava prestes a estrear a sua última peça, "Tour du Monde en 80 minutes", com estreia marcada para Lausanne no dia 20 de Dezembro.
Registro aqui este fato, por um motivo simples, nunca esqueci o quanto me comoveu e o quanto achei fascinante, Bolero de Ravel, que foi transmitido pela TV Cultura, se não me falha a memória. Eu deveria ter uns 20 anos, sei lá. A verdade é que nunca mais esqueci.

domingo, 18 de novembro de 2007

A Bunda, O Olho, O Ralo.








Ambientado em São Paulo, a maior parte do filme se passa dentro do escritório de Lourenço, de onde a fedentina está impregnada.
Tudo culpa do maldito ralo, da maldita bunda, do olho do homem do dólar.

É com um humor sarcástico e muito divertido que se desenvolve a trama do homem que comprava objetos antigos.
Bom, todo mundo já deve ter visto O Cheiro do Ralo de Heitor Dhalia, eleito pelo júri o melhor filme da 30ª Mostra de Cinema Internacional de São Paulo. É a segunda vez na história do evento que um filme brasileiro é eleito o melhor pelo júri (a primeira foi com "Cinema, Aspirinas e Urubus", de Marcelo Gomes, em 2005). Que, por sinal, me disseram que é muito bom e que vou ver já, já.

Acho que só eu ainda não tinha assistido (rs). Nunca é tarde, então.
É tanta coisa boa de se ver, principalmente, no cinema brasileiro, que deu um salto gigantesco nestes últimos anos.
Depois do movimento cinematográfico "Cinema Novo", influenciado pelo neo realismo italiano, entre outros, avesso às alienações culturais e com o objetivo de retratar questões sociais de um país subdesenvolvido, tudo era mero ensaio de amadores.
Ufa! Que bom não é, cara, poder falar de cinema nesse país, feito, e muito bem feito, diga-se de passagem, por esses inúmeros talentos que estão aí para serem vistos e aplaudidos.

Para os retardatários, como eu, fica a dica.
Assintam logo, O CHEIRO DO RALO. Muito bom!
Vocês vão dar boas risadas. Além das risadas, é importante sacar o quando o personagem se distancia do mundo real. Lourenço se torna um homem frio, acredita que tudo e todos estão á venda, no seu mundinho de merda.
O lance psicológico é a grande sacada.

CARMEN VASCONCELOS

Navegando pelo substantivo plural, pluralíssimo e singular, do grande jornalista Tácito Costa, colhi esta preciosidade que vocês lerão logo abaixo.
Aconselho aos leitores do substantivo, que passem por Carmen e conheçam sua poesia.
Agora, fiquem com Manuscrito encontrado em pétalas.



Pois então não me compreendeste? Não precisava... Não, não me fiz de palavras para isso. Eu me fiz assim para ofertar fragmentos. Como restos de rosas decorosas. Com muita paciência, como quem se confirma, eu escolhi sílaba por sílaba, pétala por pétala, fui me escolhendo. Então tu não sabes? As palavras são os limites dos sentimentos, sua conformação, suas medidas. Fala, e estás diluindo-te! Deus, que é Deus, um dia sentindo-se muito, quis esparramar-se e fez-se verbo. Imagina eu, então. Tu pensaste que eu ficaria calada para me decifrares? Eu não. Não iria ficar esperando Deus dar bom tempo. Primeiro, a gente faz. Depois, Deus abençoa. Eu fiz. Fiz-me palavras, tornei-me posse de alguma coisa sagrada. Senti-me numinosa, possuída como as divindades, mas não era tempo de compreender.

É que eu era mesmo emoção. Desguardada. Como as estrelas cadentes desguardadas, rasgando o céu em busca de rotas, eu era assim, sem palavras. Eu não tinha palavras, tinha fé, e a minha fé era viva. Era viva, porque rebentava na carne. Viva, porque era oferenda para a minha vulnerabilidade. Eu sem palavras, desguardada. Mas não procurei palavras para curar-me da fragilidade, não foi para negá-la, não para escondê-la. Muito menos para explicá-la. Ao contrário, a minha fragilidade é que precisava curar-se de seu pudor. A minha fragilidade teve o despudor de mostrar-se, pulsando ofertada na incompreensível palavra Ser. Para falar-te, eu sei, é preciso muito cuidado, e ninguém sai ileso do que escreve, mas... Eu quero falar com cuidado sobre o pudor...

Sabes, o pudor, a vergonha, essas coisas de dois gumes, duas faces, elas têm duas bocas, uma boa e outra perversa. Guardam, mas guardam sufocando. Ferem as entrelinhas, cortam as linhas, sangram os sentidos. Compreenderias o pudor, mas, como quem se confirma, eu o neguei, neguei a vergonha e cometi ‘eu te amo’. Como restos de rosas decorosas. Foram as minhas primeiras palavras, eu me lembro. Começou com um balbucio, letras desgarradas salivando dentro da boca, era ainda bem pouco parecido com palavras, tinha mais gosto de assombração. Mas ‘eu te amo’ fez-me forte, alada. Depois foi ficando com gosto de ranço, depois virou fruta apodrecida no chão, que ninguém apanhou, nem comeu. Vai servir de adubo orgânico ‘eu te amo’. ‘Eu te amo’ está puído, roído no papel, e todo mundo vê ‘eu te amo’ sem viço. ‘Eu te amo’ é uma lua doendo e está sem brilho, exposto nas bancas de revista junto à manchete do jornal: “marido mata mulher a facadas”. Está baldeado como água teimosa. ‘Eu te amo’ perdeu todos os dentes, está seco e fica bulindo no sereno, porque não tem para onde ir, nem cama, nem teto. Está machucado, ferido de silêncios, está mudo, privado das suas canções de ninar. ‘Eu te amo’ bem sente, a escuridão tem a cor do tato, mas não diz: meu corpo só existe onde o teu tateia (porque não pode dizer). Cometi um ‘Eu te amo’ que sabe: ninguém sai ileso do que ama.

Eu te amo não são mais palavras que me façam. Faço-me de outras. Como restos de rosas decorosas, como versos de poemas indecorosos: sílabas vermelhas/pétalas/pistilo. Tu não compreendes poesia, nem pétalas, pétalas não são para se compreender. Tu não imaginas nada, além da compreensão, para fazer com pétalas? Ter cuidados... Não, talvez tu não tenhas sido feito para ter cuidados...

Pois não importa se não me compreendeste, eu também não me fiz para ti. Fiz-me para as noites que aguardei, as noites, estas sim, que eu te guardei e tu guardaste para mim. Fiz-me para as noites dilatadas, varando meus dias enfermos de ausência com rajadas de estrelas fumegantes. Estrelas cadentes desguardadas. As noites tão minhas, porque tuas, que me afiaram afetos, que me alforriaram a carne, que me aferraram à vida.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Uns versinhos de merda.


De Telga Lima

Desculpem-me, mas o caralho dessa solidão, desse vazio, desse desamor, desses ridículos humanóides, debilóides. Às vezes ela, a solidão, protagonista deste texto, vem do nada, vem com tudo, vem de um oco que já está instalado, vem de uma noite gélida ou de uma dor de estômago, ou de uma dor de barriga. Alguém já teve dor de barriga de raiva, de solidão, de medo de alguma coisa? A dor de barriga do medo. A dor de barriga da merda. Uma buceta de uma dor, de algo que dói, dói e dói, no peito dos burros sensíveis, dos sensíveis burros, donos de nenhum burgo. Donos de nada, nem ao menos do seu próprio ser ou das rédias do sentido que se deve dar a alguma coisa. Que coisa!
Que porra é essa, que machuca que não podemos esmagar com as mãos, cuspir?
É loucura total, é um back ao inverso, o que não deixa de ser uma fumaça que queima neurônios em busca de calmantes. Espera, tenho que ir ao banheiro agora. Estou com uma puta de uma dor de barriga.


Hino à dor
Augusto dos Anjos

Dor, saúde dos seres que se fanam,
Riqueza da alma, psíquico tesouro,
Alegria das glândulas do choro
De onde todas as lágrimas emanam..

És suprema! Os meus átomos se ufanam
De pertencer-te, oh! Dor, ancoradouro
Dos desgraçados, sol do cérebro, ouro
De que as próprias desgraças se engalanam!

Sou teu amante! Ardo em teu corpo abstrato.
Com os corpúsculos mágicos do tacto
Prendo a orquestra de chamas que executas...

E, assim, sem convulsão que me alvorece,
Minha maior ventura é estar de posse
De tuas claridades absolutas!

terça-feira, 7 de agosto de 2007


Por Telga Lima
Um poema, Um resumo
Aos que prendem-se,fecham-se, guardam-se,enclausuram-se.
Aos que não levam consigo os seus sonhos mais loucos,
Para os loucos, que ousam não ousar.
Que ousam não amar.
Para os que morrem devagar, por que esquecem de viver, por que esquecem do tempo que resta.
Para os que abortam suas idéias,
Para os que não batem suas asas.
Para os que explodem sua pressão, para os que não deixam o ar entrar.
Aos que resumem-se.


O poema abaixo é pertinente para as coisas que pensava esses dias. É um poema meio longo, mas de uma verdade forte. Presente.

Pra vocês:
Poemas do livro Pensamento do Chão, poemas em prosa e verso. Reproduzidos, sob autorização da autora.
Viviane Mosé.

quem tem olhos pra ver o tempo soprando sulcos na pele soprando sulcos na pele soprando sulcos?
o tempo andou riscando meu rosto
com uma navalha fina

sem raiva nem rancor
o tempo riscou meu rosto
com calma

(eu parei de lutar contra o tempo
ando exercendo instantes
acho que ganhei presença)
acho que a vida anda passando a mão em mim.
a vida anda passando a mão em mim.
acho que a vida anda passando.
a vida anda passando.
acho que a vida anda.
a vida anda em mim.
acho que há vida em mim.
a vida em mim anda passando.
acho que a vida anda passando a mão em mim

e por falar em sexo quem anda me comendo
é o tempo
na verdade faz tempo mas eu escondia
porque ele me pegava à força e por trás

um dia resolvi encará-lo de frente e disse: tempo
se você tem que me comer
que seja com o meu consentimento
e me olhando nos olhos acho que ganhei o tempo
de lá pra cá ele tem sido bom comigo
dizem que ando até remoçando

muitas doenças que as pessoas têm são poemas presos
abscessos tumores nódulos pedras são palavras
calcificadas
poemas sem vazão
mesmo cravos pretos espinhas cabelo encravado
prisão de ventre poderia um dia ter sido poema
pessoas às vezes adoecem de gostar de palavra presa
palavra boa é palavra líquida
escorrendo em estado de lágrima

lágrima é dor derretida
dor endurecida é tumor
lágrima é alegria derretida
alegria endurecida é tumor
lágrima é raiva derretida
raiva endurecida é tumor
lágrima é pessoa derretida
pessoa endurecida é tumor
tempo endurecido é tumor
tempo derretido é poema
palavra suor é melhor do que palavra cravo
que é melhor do que palavra catarro
que é melhor do que palavra bílis
que é melhor do que palavra ferida
que é melhor do que palavra nódulo
que nem chega perto da palavra tumores internos
palavra lágrima é melhor
palavra é melhor
é melhor poema

receita para arrancar poemas presos:

você pode arrancar poemas com pinças
buchas vegetais. óleos medicinais
com as pontas dos dedos. com as unhas
com banhos de imersão
com o pente. com uma agulha
com pomada basilicão
alicate de cutículas
massagens e hidratação

mas não use bisturi nunca
em caso de poemas difíceis use a dança.
a dança é uma forma de amolecer os poemas
endurecidos do corpo.
uma forma de soltá-los
das dobras dos dedos dos pés. das vértebras
dos punhos. das axilas. do quadril

são os poema cóccix. os poema virilha
os poema olho. os poema peito
os poema sexo. os poema cílio

ultimamente ando gostando de pensamento chão
pensamento chão é poema que nasce do pé
é poema de pé no chão
poema de pé no chão é poema de gente normal
gente simples
gente de espírito santo

eu venho do espírito santo
eu sou do espírito santo
traga a vitória do espírito santo

santo é um espírito capaz de operar milagres
sobre si mesmo



sexta-feira, 27 de julho de 2007


NOSSA LÍNGUA, NOSSA LÍNGUA PORTUGUESA, NOSSA LÍNGUA PORTUGUESA
NOSSA LÍNGUA, AMADA LÍNGUA, MINHA LÍNGUA PORTUGUESA.
CÔMICO E TRÁGICO

quinta-feira, 26 de julho de 2007

CORDAID











MODA E REFLEXÃO

Essas fotos aí em cima são da ONG alemã Cordaid e representam um de seus projetos "People in Need". As fotos mostram africanos que vivem abaixo da linha da pobreza posando com ítens que julgamos necessários. O óculos de sol custa 24 euros, o acesso ao saneamento básico custa 8. Fica a reflexão.

Laura Artigas

PRECIOSISMO


Ai, gente! Todas as revistas de moda estão aí mostrando as mais variadas cores, formas, cortes e, principalmente, muito brilho nas novas coleções para o verão 2007.
Considero uma das propostas mais bacanas e perigosas dos últimos verões, “o brilho”.
A intensidade das pedras, paetês e tecidos hi-tech, podem nos colocar em algumas ciladas pouco elegantes, digamos assim. O bom senso é que vai fazer a diferença.
Eu, particularmente, adoro prata e dourado, e já havia incorporado por contra própria umas coisas aqui e outras acolá. Hoje comentava com uma amiga: essa é a minha estação!

Bati perna pelos shoppings da cidade e pelas ruas hoje, e as vitrines estão lindas. Algumas ainda em liquidação de inverno, mas a maioria já mostra tudo ou quase tudo pra nos deixarem loucas.
Quem inventou bolsas, sapatos, acessórios, só podia ter parte com o diabo, afe Maria (rs). Meus olhos ficam pinotando com a quantidade de coisas bárbaras que tem por aí.

Alguns estilistas também trazem à tona Frida Kahlo, em blusas e vestidos esvoaçantes, em comemoração ao centenário de sua morte.

É esse o sol que vai brilhar pra você!
São muitas opções, muitas cores fortes que se misturam ao cinza, rei do inverno, e que continua na próxima estação.

Ahhhh, minha filha, além das roupas e acessórios, vi um catálogo com a nova maquiagem de O Boticário. Glitter nos olhos para uma noite mega power rangers, tons de bronze e rosa e laranja na boca.
Quer aprender a se maquiar? Vai ter um curso em setembro no Boticário, mas as inscrições já estão abertas e com vagas limitadas. Corra!!
Já pensou, aprender a esfumaçar os olhos? Isso eu considero difícil pra caramba. Vou ver se aprendo também.

Sem dúvida a melhor dica pra o verão é:
PELO AMOR DE DEUS, USEM PROTETOR SOLAR!! (rs).

quarta-feira, 25 de julho de 2007

MIRABÔ DANTAS




Por: Telga Lima

Justaposição

Pôr junto, composição e interpretação. Unir letra, melodia e voz num projeto audacioso, que foi minuciosamente planejado. Mares Potiguares, o primeiro Cd do compositor Mirabô Dantas, é música de fino trato, para ouvidos apurados. Dono de uma timidez, por vezes exagerada, é como compositor que Mirabô Dantas se reconhece, apesar das várias apresentações em shows e de adorar cantar. Para o artista, a composição sempre vem antes de qualquer pretensa intenção de se mostrar como cantor. Por isso, somente este ano ele alargou os desejos e decidiu que já estava mais do que na hora de abrir os microfones para gravar o seu primeiro CD.

O norte-rio-grandense, nascido na cidade de Areia Branca, é dono de uma voz marcante e doce. Em Mares Potiguares, ele resgata inesquecíveis composições, algumas delas em parceria com Capinan, Maurício Tapajós e José Nêumane, com participação especial de ilustres da música popular brasileira que dispensam apresentação, como Raimundo Fagner.
Considerado um dos artistas mais respeitados do cenário musical do Estado, Mirabô teve suas composições gravadas por Elba Ramalho, Leci Brandão, Quinteto Violado, Maurício Tapajós e foi, principalmente, na voz de Terezinha de Jesus, com “Flor do Xaxado” e “Mares Potiguares”, composições feitas em parceria com Capinan, que Mirabô teve sucesso reconhecido.

Longe dos palcos de Natal e do Rio de Janeiro, lugar em que viveu durante vinte anos, e onde tudo começou, Mirabô fez uma parada estratégica para dedicar-se de corpo inteirinho aos novos arranjos e todos os processos necessários para tecer as tramas de um antigo sonho. O que vamos entender ao ouvi-lo, prontamente, que todo o zelo não foi em vão. O lugar escolhido para toda essa preparação? Sua cidade natal, o aconchego dos velhos tempos, dos amigos, das ruas estreitas e pacatas de Areia Branca. Lá, com um olho voltado para as estrelas e os pés no trabalho, fincou a bandeira da primeira de inúmeras conquistas que vinham pela frente.

Por Isaac Ribeiro - crítico de música
Publicado no Jornal Tribuna do Norte (15/06/07)

O CD:
Obra de requinte e apuro estético-musical refinados, o CD “Mares Potiguares” É uma obra madura, mas que conserva o frescor de uma novidade eterna, numa seleção de harmonias bem construídas e de poemas de um lirismo inegável, com exaltações à mulher e aos mistérios dos relacionamentos amorosos. O CD começa com a dramaticidade e a urgência da bela “Colando a Boca no Teu Rosto”, parceria com Capinan, interpretada por Mirabô e Fagner, amigo de longas datas. Na faixa-título “Mares Potiguares”, também composta com Capinan, fica o verso “As potiguares são iguais, mas de potes diferentes”. O disco segue com baladas, sambas, que em muitos momentos lembra a elegância harmônica de um Chico Buarque e de Edu Lobo. Inteiramente gravado em Natal, “Mares Potiguares” conta com a participação de um seleto grupo de músicos atuantes ainda conta com o vocal doce de Rachel.

Por Rafael Duarte- Repórter (Publicado no Jornal Tribuna do Norte em 15/06/07)
O Livro:
Umas histórias para contar...Em ‘Umas histórias, outras canções’, Mirabô narra casos inéditos que ocorreram com ele e os amigos de mais de 30 anos de música, entre eles Capinan e Fagner. O livro é um caleidoscópio de lembranças e registros sentimentais de épocas distintas, que ajudam a entender um pouco a obstinação do artista em construir seu caminho. Mirabô lembra a gravação de suas primeiras canções, a corrida pelos festivais nacionais, reúne desenhos feitos quando moleque em Areia Branca e relata passagens sobre a censura em Natal e vários acontecimentos em que participou ou foi testemunha na carreira.
É uma obra madura, mas que conserva o frescor de uma novidade eterna, numa seleção de harmonias bem construídas e de poemas de um lirismo inegável, com exaltações à mulher e aos mistérios dos relacionamentos.

O kit (livro + CD) já está à venda nas melhores livrarias da cidade, entre elas a Limbo Livros limbolivros@yahoo.com.br Tel: (84) 3201 9416 e Siciliano http://www.siciliano.com.br/natal@siciliano.com.br Tel: (84) 3222.4722 ou (84) 3235.8188

segunda-feira, 16 de julho de 2007

O poder avassalador da mídia – Episódio Câmara de Vereadores - Natal/RN

Vai ter poder assim lá na............ (Pí)!
É assim que intitulo minha justificativa pra fazer valer minha indignação a respeito do episódio na Câmara de Vereadores, que recheia os nossos noticiários de vergonha.
Justificativa: “Vai ver foi isso, de tanto ver desonestidade, tantas falcatruas, falta de ética, ganância pelo dinheiro alheio, e ...... Ufa!! Nossos vereadores aprenderam rapidinho sobre a desonestidade, a leviandade”. Só pode ter sido o poder da mídia. Ôh mídiazinha ingrata (rs).
Mesmo que não esteja nem aí pra política e tenha mais o que fazer curtindo o seu merecido ócio com coisas que você acha interessante, na TV a cabo, como citou no seu blog, o escritor Patrício Junior em sua crônica cortante e cheia de ironias - (Ver crônica: “Adoro TV a cabo” www.blogdopatricio.blogspot.com.
Não dá pra se fazer de desentendido não. Em tempos de discursos intermitentes sobre a preservação do meio ambiente, os nossos vereadores são acusados de receberem propina de empresários para votar contra o Plano Diretor da cidade, que privilegia critérios de proteção as nossas reservas naturais e aos nossos pontos turísticas, e a nossa saúde, e a nossa paz de espírito, e a nossa dignidade.
Pensei que era mau de “homens de negócios” de cidade grande, mas deve ser mau de homens pequenos que infelizmente poluem qualquer lugar.

Fico indignada e torcendo para que o Ministério Público vença essa batalha.

Acesse o site www.substantivoplural.com.br do jornalista Tácito Costa e aprecie o texto brilhante, intitulado “A Nossa república dos Escroques”, lá em ARTIGOS.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

MIS GAFAS



Retrô para os óculos.

Cara, minha mãe que sempre foi muito vaidosa, tinha uns óculos desses. Bárbaro!
Eu revirei todo o armário dela atrás dessa nova beldade, que vem com tudo agora pro verão, mas nada. Acho que deu pra alguém ou jogou fora, sei lá. Uma pena porque era lindo.
Nada feito, fui garimpar óculos retrô. Visitei alguns lugares, mas me apaixonei por um meio amarelado, muito charmoso, em um brechó, ali em Petrópolis, um dos bairros mais interessantes da cidade. Pode crer, não deu outra. Paguei vinte e cinco paus.
Um achado!
Como sou filha de costureira sou muito ligada à moda, a estilo. Por coincidência sempre atendo algumas contas publicitárias no segmento de moda, o que eu acho ótimo, porque me identifico e curto pra caramba.
Herdei da minha mãe o gosto por tecidos mais sofisticados, cortes de alfaiataria. Ela é quem costura as minhas roupas e passamos horas vendo revistas, mas na maioria das vezes, acabamos juntando uma coisinha daqui outra dali e crio minhas próprias peças.
Pra quem gosta de ousar e de repente não tem tanta grana assim para comprar umas das inspirações do designer brasileiro Francisco Ventura, tem uns lugares ótimos na cidade pra fazer um look cheio de personalidade.


Não passou pela minha cabeça, que um dia eu iria pirar o cabeção pra usar um desses. Olha só, aí em baixo, tem dicas de umas marcas bacanas.

O designer brasileiro Francisco Ventura participou da Semana de Moda de São Paulo criando modelos de óculos para as grifes Gloria Coelho, Animale, Neon e V.Rom. Para as coleções verão 2008, ele apostou em tamanhos, formas e épocas. Os modelos que completaram os looks da Animale, por exemplo, vieram grandes, com ar retrô, confeccionados em acetato de diversas cores e formatos. Alguns óculos apareceram com lentes coloridas (como o vermelho), garantindo um pouco mais de charme ao visual. E não parou por ai. Pela terceira vez, a V.Rom teve o toque de Ventura na criação das coleções. Inspirado na jovialidade, o designer criou um modelo em acetato, nas cores preto, tartaruga e dourado, ideal para brincar com as formas e as cores. A grande sacada da grife (e de Ventura) foi utilizar as lentes transparentes, evidenciando um estilo mais contemporâneo. Já a Neon, do estilista Dudu Bertolini, usou como base as referências da grife e a criatividade de Ventura, resultando em um modelo de óculos em duas cores de tartaruga, com hastes largas e armação grande, traduzindo o estilo retrô. Segundo o designer, "os óculos têm um estilo próprio e, mesmo usando a mesma tonalidade de cor, foi possível criar modelos únicos e diferenciados.”(Agência FrilaCerto/Fonte: Ótica Ventura)

No Alvo da Moda


Câncer de Mama no Alvo da Moda – Edição Verão 2007/2008
Assinado pelo estilista Marcelo Sommer, as blusinhas e camisas vem com novidades. O estilista resolveu incrementar e trouxe as mangas bufantes para a versão feminina e uma pólo em piquet listrada para os meninos, todas, claro, com a marca que já conhecemos da campanha.
A atriz Carol Castro posou com a camiseta da campanha.

VAMOS SE TOCAR!!

Segundo maior causador de câncer no Brasil. Como no início não causa dor, passa desapercebido pelas mulheres que não realizam exames preventivos. 90% dos casos são curáveis quando o diagnóstico é feito logo no início.
Grupo de risco:
• Mulheres com a doença no histórico familiar.
• Mulheres acima de 40 anos.
• Portadoras de câncer de útero, endométrio ou ovário.
• Portadoras de doenças benignas nas mamas.
• Mulheres que tiveram a primeira menstruação antes dos 12 anos.
• Mulheres que entraram na menopausa após os 50 anos.
• Mulheres que tiveram a primeira gravidez após os 35 anos.
• Mulheres com problemas de obesidade.
• Mulheres que usam hormônios.
• Mulheres que nunca amamentaram.

Diagnóstico:
• Auto exame das mamas, exames realizados pelo médico e mamografia.
Tratamento:
O tratamento só pode ser prescrito por um especialista, após a realização de toda a investigação da paciente e pode variar entre a simples medicação, terapias auxiliares ou cirurgia, dependendo do caso.
Prevenção: Acompanhamento médico rotineiro exames clínicos de prevenção ginecológica, auto-exame das mamas mensalmente, mamografia preventiva entre 35 e 40 anos e anualmente após os 40.


Romero Brito


“BOLO” NO ALMOÇO, PRA ME ENCONTRAR COM A OBRA DE ARTE DE ROMERO BRITO.
Não foi assim um bolo, com cobertura de chocolate e recheio de coco, que eu adoro. Hummmm, me deu até vontade agora!! Foi um “bolo” mesmo, no pior sentido da palavra. Puttz, logo na hora do almoço! Daí outro amigo vendo o minha aflição pelo encontro frustrado, logo me convidou pra almoçarmos juntos.
Onde fomos parar? na Justiça Federal. Ainda bem que eu estava com tudo em dia. (rs).
Lá chegando, dou de cara com nada mais, nada menos, que Romero Brido, em telas e objetos de decoração., pra minha grande surpresa que estava por fora dessa exposição.
Ele coloriu o meu dia, e a minha reação ao ver tudo aquilo, foi abrir um sorrisão!
Depois lembrei que é justamente isso o que ele deseja arrancar das pessoas, um largo sorriso. Pelo menos de mim ele conseguiu.
Romero Brito é radicado em Miami, mas é nosso. Brasileiríssimo de Recife, Pernambuco, ele é seguidor da "pop art" e influenciado pelo trabalho do conterrâneo Francisco Brennand. Vibrante! Joga cor, mas muita cor, em todos os seus trabalhos, que são marcados por divisões e fragmentos, que compões formas, no mínimo, inusitadas. É ele é só felicidade.
Vai lá, tenho certeza que você também vai gostar.
As obras estão todas à venda. Aproveite para colorir a casa.

terça-feira, 10 de julho de 2007


“...Mas eu não sambo para copiar ninguém/ Eu sambo mesmo com vontade de sambar/Porque no samba eu sinto o corpo remexer/ E é só no samba que eu sinto prazer” , versos da música Janet de Almeida, que abre o cd de estréia da cantora Roberta Sá. E com esse mesmo desprendimento da letra que a potiguar de 24 anos, conseguiu livrar-se do rótulo dos artistas que participaram do reality show Fama, e coloca-se com uma das maiores revelações da nova MP

segunda-feira, 9 de julho de 2007


Paulo Leminski,
Por Fabrício Marques

Paulo Leminski tinha muita fome: de poesia, de experiências, de conhecimento. Nascido em Curitiba em 1944, o autor viveu apenas 44 anos, mas produziu com uma intensidade que rivalizava com a urgência da vida que propôs para si, em que todas as coisas interessavam, mas sempre na perspectiva primeira da poesia: são 18 títulos, entre livros de ensaios, romances, biografias e, claro, de poemas, além de oito volumes de traduções.
Foi chamado de samurai malandro e de caipira cabotino, além de contribuir para a mitologia em torno de seu nome, com autodefinições que reforçavam sua facilidade em transitar entre diversas esferas de alta e baixa culturas. Dizia-se um pensador selvagem, um bandido que sabia latim, um guerreiro da palavra, ou mesmo um caboclo-monge-black-beat-zen. Tudo ao mesmo tempo.
Com esse perfil múltiplo, o poeta adquiriu notoriedade em vários segmentos artísticos. Só para dar uma idéia, a primeira edição comercial de seus poemas, Caprichos e Relaxos, publicado em 1983, já vendeu, em sucessivas edições, mais de 20 mil exemplares ¬ um acontecimento e tanto, quando se trata de poesia.


Para saber mais
Livros:
• O Bandido que Sabia Latim, Toninho Vaz, Record
• Aço em Flor, Fabrício Marques, Autêntica
• La Vie en Close, Paulo Leminski, Brasiliense
• Distraídos Venceremos, Paulo Leminski, Brasiliense

VIDA!



Vida. Por muito tempo eu pensei, que a minha vida fosse se tornar
uma vida de verdade. Mas sempre havia um obstáculo no caminho,
algo a ser ultrapassado antes de começar a viver, um trabalho não
terminado, uma conta a ser paga. Aí sim, a vida de verdade
começaria.

Por fim, cheguei a conclusão de que esses obstáculos eram
a minha vida de verdade. Essa perspectiva tem me ajudado a ver
que não existe um caminho, para a felicidade. A felicidade é o
caminho!
Assim, aproveite todos os momentos que você tem. E
aproveite-os mais, se você tem alguém especial para compartilhar.
Especial o suficiente para passar seu tempo e lembre-se que o tempo
não espera ninguém. Portanto, pare de esperar até que você termine a
faculdade; até que você volte para a faculdade; até que você perca 5
quilos; até que você ganhe 5 quilos; até que você tenha tido filhos;
até que seus filhos tenham saído de casa; até que você se case;
até que você se divorcie; até sexta à noite; até segunda de
manhã; até que você tenha comprado um carro ou uma casa nova;
até que seu carro ou sua casa tenham sido pagos; até o próximo
verão, outono, inverno; até que você esteja aposentado; até que
a sua música toque; até que você tenha terminado seu drink; até
que você esteja sóbrio de novo; até que você morra; e decida que não
há hora melhor para ser feliz do que AGORA MESMO... Lembre-se:
Felicidade é uma viagem, não um destino.
(De autor desconhecido)

Nelson Rodrigues


Frases
Frases selecionadas e organizadas por Ruy Castro, extraídas do livro "Flor de Obsessão", Cia. das Letras - São Paulo, 1997, págs. diversas.

- O jovem tem todos os defeitos do adulto e mais um: — o da imaturidade.

- Tudo passa, menos a adúltera. Nos botecos e nos velórios, na esquina e nas farmácias, há sempre alguém falando nas senhores que traem. O amor bem-sucedido não interessa a ninguém.

- Nós, da imprensa, somos uns criminosos do adjetivo. Com a mais eufórica das irresponsabilidades, chamamos de "ilustre", de "insigne", de "formidável", qualquer borra-botas.

- A grande vaia é mil vezes mais forte, mais poderosa, mais nobre do que a grande apoteose. Os admiradores corrompem.

- O brasileiro não está preparado para ser "o maior do mundo" em coisa nenhuma. Ser "o maior do mundo" em qualquer coisa, mesmo em cuspe à distância, implica uma grave, pesada e sufocante responsabilidade.

- Há na aeromoça a nostalgia de quem vai morrer cedo. Reparem como vê as coisas com a doçura de um último olhar.

- Ou a mulher é fria ou morde. Sem dentada não há amor possível.

- O homem não nasceu para ser grande. Um mínimo de grandeza já o desumaniza. Por exemplo: — um ministro. Não é nada, dirão. Mas o fato de ser ministro já o empalha. É como se ele tivesse algodão por dentro, e não entranhas vivas.

- Assim como há uma rua Voluntários da Pátria, podia haver uma outra que se chamasse, inversamente, rua Traidores da Pátria.

- Está se deteriorando a bondade brasileira. De quinze em quinze minutos, aumenta o desgaste da nossa delicadeza.

- O boteco é ressoante como uma concha marinha. Todas as vozes brasileiras passam por ele.

- A mais tola das virtudes é a idade. Que significa ter quinze, dezessete, dezoito ou vinte anos? Há pulhas, há imbecis, há santos, há gênios de todas as idades.

- Outro dia ouvi um pai dizer, radiante: — "Eu vi pílulas anticoncepcionais na bolsa da minha filha de doze anos!". Estava satisfeito, com o olho rútilo. Veja você que paspalhão!

- Em nosso século, o "grande homem" pode ser, ao mesmo tempo, uma boa besta.

- O artista tem que ser gênio para alguns e imbecil para outros. Se puder ser imbecil para todos, melhor ainda.- Toda mulher bonita leva em si, como uma lesão da alma, o ressentimento. É uma ressentida contra si mesma.

- Acho a velocidade um prazer de cretinos. Ainda conservo o deleite dos bondes que não chegam nunca.

- Chegou às redações a notícia da minha morte. E os bons colegas trataram de fazer a notícia. Se é verdade o que de mim disseram os necrológios, com a generosa abundância de todos os necrológios, sou de fato um bom sujeito.



E tudo o mais.
Canta, compõe e atua. Ele é puro movimento. Dono de uma energia e de uma poesia que incita o nosso cérebro a revirar-se para pensar na vida, nas grandes coisas da vida.
Suas letras irreverentes e seu jeito autêntico, nos faz gostar de ser brasileiros.
Ele é independente!
Tive o prazer de ver o seu show, recentemente, aqui em Natal, na Capitania das Artes.
Maravilha!
Veja trechos da entrevista com Tom Zé sobre o Cd Danç-Eh-Sá., considerado um dos mais radicais de sua careira.

O ataque sem palavras de Tom Zé, por Sávio Vilella.
Compositor completa 70 anos ainda mais ousado.
O "complicador da Tropicália" completa 70 anos e volta à pauta do dia ainda mais independente e ousado. Debaixo do braço, Danç-Eh-Sá, o disco mais radical de sua carreira que, sem fazer uso de palavras, discute o fim da canção e tenta alcançar os "jovens desinteressados" constatados pela MTV. Fonte usual de polêmicas saudáveis, Tom Zé pergunta: "Chico e Caetano abandonaram a juventude?"

Por que você abandonou a Trama?
Há rumores de que João Marcelo Bôscoli, presidente da gravadora, rejeitou Danç-Eh-Sá.

Não abandonei. Foram alguns contratempos que nos levaram a lançar esse cd fora da Trama. Mas não estou fora, continuo trabalhando com eles. Inclusive, João Marcelo foi a primeira pessoa que imediatamente gostou do disco. Quando mostramos a primeira amostra, ainda bem insipiente, ele vibrou. Continuamos na mesma. A Trama, afinal de contas, não é uma gravadora, é um campo de experimentações.

O CD é uma empreitada bem corajosa. Mas como tudo que pouco se resigna, ele tende a ser um fracasso comercial. Você tem medo disso?

Nós tínhamos medo disso. Mas a vendagem nos shows de lançamento foi impressionante. Eu posso até ter medo, mas não posso deixar de fazer aquilo que acho que deve ser feito. Tive muitas noites sem sono, acordava desesperado certos dias. Era muita incerteza, era uma linguagem musical que não estava devidamente concatenada.

Chegou a lembrar o desespero da época de vacas magras dos anos 70 e 80?

Não, foi outro tipo de desespero. Naquela época eu pensava que estava errado - e devia estar. Hoje, eu posso estar errado novamente, mas eu aprendi que o risco de errar é um prato de doce e a certeza de estar certo é um prato de merda (risos).


O disco não tem letra, mas existe uma lógica nos sons vocais e onomatopéias.

É uma proto-linguagem, de fato não é algo fortuito. Falo, sem palavras, aquilo que está explicado no encarte do disco. O homem primeiro cantou e experimentou vogais e consoantes com toda liberdade antes de construir uma língua. As palavras foram publicamente desmoralizadas, o poder dilapidador da política sobre as palavras foi trágico. Daí minha pilheria de fazer um disco mudo.


No encarte, você diz não acreditar que "a cancão acabou", como declarou Chico Buarque. No entanto, você fez um CD de "descanções", como você mesmo diz.
Deixei de ser compositor. Agora sou um ludositor, que usa os recursos sonoros francamente para uma diversão que não tem mais a função de canção, uma espécie de música de dança-e-jogo. O Chico foi irresponsável, porque disse que a canção acabou e fez um disco de canções.

Sua intenção é alcançar a "juventude hedonista e consumista" que a pesquisa encomendada pela MTV em 2005 constatou?

Vi a pesquisa e pensei: "Vou tentar informar os jovens de que eles fazem parte de uma nação negra". Pelo menos precisam saber que nosso desafio na história não é de espectador. Talvez fosse hora de provocar os principais gênios, de dizer "Caetano, acabe com essa irresponsabilidade, se é que o Brasil lhe interessa". Se eles ainda podem ser grandes líderes e fazem uma música que não pode chegar à juventude, que diabo é isso? Abandonaram a juventude? Chico e Caetano, praticando o dom maravilhoso que têm para fazer música, são socialmente irresponsáveis.

Você ouviu o último cd do Caetano? Estão atribuindo a esse disco uma jovialidade roqueira.

Há um certo frescor juvenil. E talvez ele estivesse preocupado com isso. Como Caetano não gosta de dizer em palavras o que pensa, então talvez até. O disco é lindo, mas é socialmente irresponsável. Cada pessoa pensa o mundo da maneira que ele lhe comove. Mas é caso de construir uma grande frente popular para ir atrás dessa parte da juventude que se separou completamente da realidade fisiológica do Brasil negro. Mas é claro que não vou dar lição em Caetano e nem em ninguém.


”Eu sou político quando eu compreendo que uma pessoa não pode ser feliz se há em volta dela pessoas infelizes”
Tom Zé

domingo, 1 de julho de 2007

AGRADECIDO PELA GENTILEZA


Foi o que José Datrino, o “Profeta Gentileza”, deixou estampado no viaduto do Caju, no Rio de Janeiro, em verde e amarelo. Ensinamentos de amor ao próximo, preocupação com a natureza e sua indignação à violência, ao desamor. Pedia pra que as pessoas dissessem: “Gentileza” e não “Por Favor”. “Agradecido”, ao invés de “Muito Obrigado”. Segurava um standarte, se vestia de branco e usava uma longa barba.
Tudo aconteceu repentinamente, em 17 de dezembro de 1961. Data que registra um dos maiores dramas do mundo circence. Uma tragédia que matou cerca de 500 pessoas no circo “Gran Circus Norte-Americano”. Foi desse acontecimento que fez surgir, em Datrino, o profeta. Ele confessou ter ouvido por três vezes uma mensagem divina: “deveria abandonar tudo e ir para o local do incêndio para ser consolador de todos os que perderam seus entes queridos”. A partir de então fez do lugar sua morada e viajou por alguma regiões do país levando suas mensagens.

Por Leonardo Boff:
Como todo profeta, Gentileza denuncia e anuncia. Denuncia este mundo, regido "pelo capeta capital que vende tudo e destrói tudo". Vê no circo destruído uma metáfora do circomundo que também será destruído. Mas anuncia a "gentileza que é o remédio para todos os males". Deus é "Gentileza porque é Beleza, Perfeição, Bondade, Riqueza, a Natureza, nosso Pai Criador". Um refrão sempre volta, especialmente nas 56 pilastras com inscrições na entrada da rodoviária Novo Rio no Caju: "Gentileza gera gentileza, amor". Convida a todos a serem gentis e agradecidos. Na verdade, anuncia um antídoto à brutalidade de nosso sistema de relações. É precursor, sob a linguagem popular e religiosa, de um novo paradigma civilizatório urgente em toda a humanidade.
“Amor palavra que liberta”, já dizia o profeta.

Por: Telga lima
Mesmo sozinhos, mesmo sem nada muito palpável nas mãos. Mesmo com tudo tão longe de nós, longe dos nossos sentidos. Sem conseguirmos enxergar, que por trás de tudo que está tão desarrumado e desordenado, assim cheio de desordem; existe uma forma, de burlarmos todas essas invasivas e insensíveis agressões, que nos atingem através do clarão das bombas, dos fogos que não são mais de artifício, aqueles que comemorávamos as noites de São João. Ainda existe a delicadeza!
Mesmo sem ar suficiente e não tão puro. Sem a pureza que existia em nossa alma.
Exite o verbo amar, que insistimos em não conjulgar.
É assim, tudo começa quando se estende à mão.
Como ele mesmo dizia: “Gentileza gera gentileza”.
Tudo isso merece algumas reflexões.

AS MULHERES SÃO FIÉIS!

Espere aí, não tem nada haver com romance não! Neste campo, as pesquisas revelam outra coisa. Mas em se tratando de beleza, as mulheres são fiéis às marcas que consomem.
Este é o resultado de uma pesquisa realizada em São Paulo, divulgada agora em junho, para descobrir o comportamento de compra das mulheres, na hora de escolher o produto de beleza. Que critérios elas elegem quando se vêem diante das inúmeras possibilidades disponíveis nas prateleiras?
A pesquisa revelou dados surpreendentes. Confira.

Pra publicitário ver!!

Trechos da reportagem.
Fonte: (Editora Globo)


78% das consumidoras entrevistadas afirmaram que sempre compram produtos da mesma marca. Esta lealdade ao produto escolhido é mais forte até do que os possíveis encantos das embalagens atraentes da concorrência: 81% das respondentes garantiram que não trocam seus produtos por outros que tenham embalagens com design mais elaborado.

"É importante considerar que a compra de produtos de beleza envolve a construção ou manutenção da imagem da consumidora, portanto, é uma decisão de alto envolvimento emocional, com grande nível de comprometimento", afirma o Professor Dr. Claudio Felisoni de Angelo, coordenador geral do Provar/FIA.

Em função da grande oferta de produtos de higiene e beleza - dirigidos às mais diversas necessidades -, o processo de escolha tornou-se muito mais complexo. Por isso, a investigação foi segmentada em três grupos "Busca de informações e a escolha de produtos de beleza", "Critérios para seleção do canal preferido" e "Aspectos complementares", que analisa fatores como compra por impulso e fidelidade à marca. Em relação à busca de informações, os resultados indicam que as consultoras de beleza se destacam como referência sobre os produtos. Entretanto, as brasileiras tendem a ser consumidoras mais independentes: a maioria das entrevistadas informou que poucas vezes ou nunca recorrem a outras pessoas para a escolha deste tipo de produto.

Ainda sobre a comunicação e a busca de informações, considerando que a amostra da pesquisa é caracterizada, na sua maioria, por mulheres com renda familiar até 8 salários mínimos, observa-se que há baixa penetração da Internet como canal de informações ou compras. "Este resultado reflete, provavelmente, o baixo índice de inclusão digital da população de baixa renda no país", pondera Felisoni. Por isso, o catálogo é a fonte de informações mais citada, seguido pelas ações de merchadising e pelas propagandas de televisão.

Já em relação aos locais preferidos de compras, os supermercados se destacam como local de aquisição de produtos como xampus e condicionadores. "A identificação da Internet e dos salões de beleza como canais de compra ainda é muito pequena, influenciada em grande parte pela característica da amostra pesquisada", afirma Felisoni.

sábado, 30 de junho de 2007

Deixe a vida mais leve e cheia de poesia.


Há quem não bata na madeira, quem ache uma bobagem não passar por baixo de escada, enfim. Eu que não sou boba nem nada, não vou nessa não. Ta, tudo bem, mas eu prefiro fazer a velha e boa figa.
No meu canto, o sal grosso fica na entrada da porta.
Além do sal e outras cositas más, descobri que é o maior barato ter plantas em casa. Com elas ponho minhas loucuras todas pra fora! Converso, dou bom dia, boa noite, acreditando que assim elas crescerão mais rápido. Manter um vaso de planta em casa pra mim é sagrado.
Vejam: se as plantas são capazes de transformar o gás carbônico em oxigênio, quem sabe possam filtrar as energias ruins. Por via das dúvidas, investi em pimenteira. Ela é o xodó da casa.
Superstições a parte, o contado com a natureza, no mínimo, nos renova.
No hall, bem na porta de entrada do meu apartamento, tenho um vaso verde bem antigo. Presente da minha avó!
Segundo as mulheres mais experientes da família, “Boa ventilação, carinho nas folhas e muito bate-papos”. Vai saber...

Fica uma dica:
Que tal receber sua próxima visita com flores em casa.

PROGRAME-SE!


Festa Literária Internacional de Paraty
Rio de janeiro
☻De 04 a 08 de Julho.
☻Homenageado desta edição: Nelson Rodrigues


Já pensou passear pela cidade histórica de paraty?
Se adiante, tudo está pronto esperando por você.
A cidade é litorânea, lá no Rio de Janeiro, com praias e ilhas paradisíacas.
No continente, o verde vai tomar conta dos seus olhos. A Mata Atlântica é um convite a passeios ecológicos com trilhas, cachoeira, passeios de barco, e à noite a cidade é um aconchego só.
Se quiser, prove uma cachacinha, vai. Prova! Famosa também pela cachaça, conhecida no mundo inteiro, a Pinga de Paraty já foi bebida em versos e prosas. Chá, que nada. O “aguardente de cana” produzido lá é quem esquenta a festa. Mas vá com muita cautela, viu? (rs).
Você deve mesmo é se embriagar de muita leitura, munir sua biblioteca, participar dos debates, das palestras, e ficar por dentro das novidades.
Para os potiguares, vamos ter personalidades locais zanzando por lá:
Patrício Junior, Jornalista, publicitário e escritor. Ele que é um dos fundadores do grupo Jovens Escribas, vai fuçar tudo por lá. Seu novo livro, sairá em breve. Aguardem.
Ele? É muito Bom!!
Ficou curioso(a)?
Acesse: www.blogdopatricio.blogspot.com

quinta-feira, 28 de junho de 2007

¿Sí... o No?

Muy Corporativas
A maxibolsa continua em alta no verão, principalmente em cores brilhantes, como o dourado. Pra quem preferir um look despojado, mochilas vêm pra ficar neste verão. Melhor ainda se for feita de tecido ecologicamente correto.

Verão 2008. Nossa que calor!!
Descubra os pés, mostre as pernas, brilhe!
Se você se identificar com algumas dessas sugestões, não se reprima !

1. Cores fortes, com destaque para o azulão e o laranja. Também os tons de verde, amarelo e vermelho. Além do básico e sempre chique, branco, caqui e preto.
2. Efeito molhado nos acabamentos dos tafetás, nylons e cirés, incluisive para roupas do
dia-a-dia.
3. As saias são amplas, os vestidos em forma de trapézio.
4. Muitas túnicas e vestidos com mangas três quartos e bufantes.
5. Laços, muitos laços para enfeitar! (nos decotes, no pescoço, nas costas)
6. Eiiiii, os jeans vão voltar a ser coloridos (os antigos jeans color) e vão ser skinnys e de cintura alta. Pera aí cintura alta eu não encaro não!!!

O que continua, segundo os papas do mega São Paulo Fashion Week:
1. Balonês continuam em alta.
2. Silhueta ovo, redonda foi ainda uma das preferidas.
3. A dupla short (ou bermuda) + top bonitinho continua a reinar.
4. Os macaquinhos também continuam a ter forte presença.
5. Para os pés, nenhuma novidade: voltam as sandálias e sapatos meias patas, sapatilhas e sandálias de tiras baixa e coloridas.
6. O comprimento continua curtíssimo. Ai, ai, ai

Musca, Matriusca, Babusca. Símbolo da fertilidade

A palavra provém do diminutivo do nome próprio "Matryona", é um brinquedo tradicional da Rússia. Matrioshkas possuem o significado de fertilidade. No passado, as bonecas russas eram dadas de presente a todas as meninas russas em idade para o casamento, como um desejo de fertilidade. Significam ainda saúde e beleza para as mulheres e trazem sorte .



BONECAS RUSSAS
Rachel de Queiroz

Não me lembro como se chamam as tais bonecas folclóricas russas: são as que são ocas e abre-se a boneca maior e dentro dela há uma menor, e dentro dessa outra menor ainda, e depois outra e mais outra, até chegar à última, que é uma simples miniatura de boneca. No mesmo gênero, também é aquele conto de fadas: “Lá no mar tem uma ilha, dentro da ilha tem um castelo, dentro do castelo tem uma torre, dentro da torre tem um quarto, dentro do quarto tem uma arca, dentro da arca tem uma caixa, dentro da caixa tem um cofre, dentro do cofre tem um frasco, dentro do frasco tem uma pomba, dentro da pomba tem um ovo, dentro do ovo tem uma chave e é essa chave que abre a porta da prisão onde está a princesa encantada” .
Pois a gente também é assim. A princípio eu pensava que, com a passagem das diferentes idades do homem, o maior ia substituindo o menor, quero dizer, o menino ficava no lugar do nenê, o adolescente no do menino, o moço no adolescente, o homem feito no do moço, o de meia-idade no do homem feito, o velho no lugar do de meia-idade e por fim o defunto no lugar de todos. Mas depois descobri que os indivíduos passados não desaparecem, se incorporam, ou, antes, o indivíduo novo incorpora os superados como se os devorasse, e uns vão ficando dentro dos outros, tal como as bonecas russas do começo da história.
E assim, dentro de cada um de nós, a gente procurando sempre encontra os perfis superpostos, encartados um por dentro do outro, sem se misturarem. É só saber como esgaravatar e você descobrirá fácil no sentencioso senhor de cinqüenta anos o inseguro pai de família principiante que ele foi aos trinta anos ou o belo atleta descuidado que foi aos dezoito. Ali está cada um, aparentemente esquecido mas incólume. E estanques todos. Porque um não penetra no outro e aparentemente um não tem o mínimo em comum com o outro; nem sequer um influi no outro – as mais das vezes são antípodas e adversários.
Faça uma experiência: pegue um livro, uma foto, reveja um filme, encontre alguém, qualquer desses serve, contanto se refira especificamente a determinado tempo de sua vida. E então magicamente se suscita aquele instante perdido do passado, com uma força de momento atual. Espantado, você se indaga: então esse fui eu? Que tem em comum com o você de hoje aquele estranho que subitamente acordou ao apelo do seu nome, debaixo da sua pele? Terá em comum só mesmo o nome e a pele, porque o resto, no corpo e na alma, tudo é outro, deformado ou gasto, mas sempre diferente. Você é outro, outro. E quase não acredita ter sido você também aquele rapaz desvairado, ou sonso, ou bobo e terrivelmente inexperiente que de súbito emergiu de dentro dos seus ossos e das suas velhas lembranças.
Em sua avó venerável você também pode descobrir a rapariga inconseqüente que ela foi um dia, e no seu severo confessor de hoje o seminarista em crise religiosa de trinta anos atrás. É só saber procurar. A gente diz disso: “ águas passadas” . Mas talvez seja melhor dizer águas represadas, águas recalcadas. Porque basta bater na pedra, a fonte emerge, o que não aconteceria se as águas fossem passadas realmente.



Caio Fernando Abreu





Para os amantes de Caio Fernando Abreu, que se deixam contaminar pela emoção de suas míssivas. Os textos especiais do dramaturgo e jornalista gaúcho, mistura em seus relatos, depoimento com ficção, a vida dura do cotidiana das pessoas, com o sutileza do amor e do sonho.
Caio para os sensíveis!
Texto de Caio Fernando Abreu:

Meu nome é Caio F.
Moro no segundo andar,
mas nunca encontrei você na escada.

Preciso de alguém, e é tão urgente o que digo. Perdoem excessivas, obscenas carências, pieguices, subjetivismos, mas preciso tanto e tanto. Perdoem a bandeira desfraldada, mas é assim que as coisas são-estão dentro-fora de mim: secas. Tão só nesta hora tardia - eu, patético detrito pós-moderno com resquícios de Werther e farrapos de versos de Jim Morrison, Abaporu heavy-metal -, só sei falar dessas ausências que ressecam as palmas das mãos de carícias não dadas.Preciso de alguém que tenha ouvidos para ouvir, porque são tantas histórias a contar. Que tenha boca para, porque são tantas histórias para ouvir, meu amor. E um grande silêncio desnecessário de palavras. Para ficar ao lado, cúmplice, dividindo o astral, o ritmo, a over, a libido, a percepção da terra, do ar, do fogo, da água, nesta saudável vontade insana de viver. Preciso de alguém que eu possa estender a mão devagar sobre a mesa para tocar a mão quente do outro lado e sentir uma resposta como - eu estou aqui, eu te toco também. Sou o bicho humano que habita a concha ao lado da conha que você habita, e da qual te salvo, meu amor, apenas porque te estendo a minha mão.No meio da fome, do comício, da crise, no meio do vírus, da noite e do deserto - preciso de alguém para dividir comigo esta sede. Para olhar seus olhos que não adivinho castanhos nem verdes nem azuis e dizer assim: que longa e áspera sede, meu amor. Que vontade, que vontade enorme de dizer outra vez meu amor, depois de tanto tempo e tanto medo. Que vontade escapista e burra de encontrar noutro olhar que não o meu próprio - tão cansado, tão causado - qualquer coisa vasta e abstrata quanto, digamos assim, um Caminho. Esse, simples mas proibido agora: o de tocar no outro. Querer um futuro só porque você estará lá, meu amor. O caminho de encontrar num outro humano o mais humilde de nós. Então direi da boca luminosa de ilusão: te amo tanto. E te beijarei fundo molhado, em puro engano de instantes enganosos transitórios - que importa?(Mas finjo de adulto, digo coisas falsamente sábias, faço caras sérias, responsáveis. Engano, mistifico. Disfarço esta sede de ti, meu amor que nunca veio - viria? virá? - e minto não, já não preciso.)Preciso sim, preciso tanto. Alguém que aceite tanto meus sonos demorados quanto minhas insônias insuportáveis. Tanto meu ciclo ascético Francisco de Assis quanto meu ciclo etílico bukovskiano. Que me desperte com um beijo, abra a janela para o sol ou a penumbra. Tanto faz, e sem dizer nada me diga o tempo inteiro alguma coisa como eu sou o outro ser conjunto ao teu, mas não sou tu, e quero adoçar tua vida. Preciso do teu beijo de mel na minha boca de areia seca, preciso da tua mão de seda no couro da minha mão crispada de solidão. Preciso dessa emoção que os antigos chamavam de amor, quando sexo não era morte e as pessoas não tinham medo disso que fazia a gente dissolver o próprio ego no ego do outro e misturar coxas e espíritos no fundo do outro-você, outro-espelho, outro-igual-sedento-de-não-solidão, bicho-carente, tigre e lótus. Preciso de você que eu tanto amo e nunca encontrei. Para continuar vivendo, preciso da parte de mim que não está em mim, mas guardada em você que eu não conheço.Tenho urgência de ti, meu amor. Para me salvar da lama movediça de mim mesmo. Para me tocar, para me tocar e no toque me salvar. Preciso ter certeza que inventar nosso encontro sempre foi pura intuição, não mera loucura. Ah, imenso amor desconhecido. Para não morrer de sede, preciso de você agora, antes destas palavras todas cairem no abismo dos jornais não lidos ou jogados sem piedade no lixo. Do sonho, do engano, da possível treva e também da luz, do jogo, do embuste: preciso de você para dizer eu te amo outra e outra vez. Como se fosse possível, como se fosse verdade, como se fosse ontem e amanhã.

domingo, 24 de junho de 2007

TANGO NA BALADA!


É GOTAN PROJECT

Gravem bem esse nome! Gotan Project.
Alguém aí gosta de tango?
E de música eletrônica?

A começar pela formação do grupo, vai se poder observar o que tem de tão genial aí. Já prestou atenção que quando há mistura, a coisa é boa?
Formada por um grupo de músicos...vamos lá: um francês, um argentino e um suíço. Esse é o Gotan Project. Pois não é que os caras misturaram tango com música eletrônica!! É a própria evolução do tango. Não sei o que pensaria Astor Piazzola, mas além do bandoneon, primo do acordeon brasileiro, tem outro som na pista, ou melhor, no tango. Esperem aí, me embananei toda (rs).

Acho que o Piazzola aprovaria, pena que não teve a mesma sorte dos meninos do Project. Foi considerado o diabo pelos “Puristas do tango”, quando trouxe influências da música erudita e do jazz para o tango.
Para o Gotan Project, Piazzolla serve como inspiração, mas não como um modelo a ser copiado. “Piazzolla tirou o tango do salão e o levou a uma platéia que ia a teatros ouvir clássicos. Nós fazemos o contrário: o Gotan Project mostra como o tango é emocional, sexy. Nós queremos levar o tango de volta para a pista de dança, para os jovens, os clubbers, todo mundo”, afirma o francês Phillippe.
Eles conseguiram: e Gotan Project virou febre na Europa. Os dois discos do grupo já venderam mais de um milhão de cópias.

O som de todos os instrumentos passa, antes de chegar às caixas de som, pelos computadores.

Bárbaro!!

Reino de Stela


STELA
DO
PATROCÍNIO
Entrar no Reino de Stela, nos seus relatos poéticos, de pronto pode ser chocante, mas ao mesmo tempo é um reino cheio de alegorias cerebrais. Cheio de encantamento, consciência, formas. Esse livro muito me emocionou.

“Meu passado foi um passado de areia
Em mar de Copacabana
Cachoeira de Paulo Afonso
Bem dentro da Lagoa Rodrigues de Freitas
No Rio de Janeiro

O futuro eu queria
Ser feliz
E encontrar a felicidade sempre
E não perder nunca o gosto de estar gostando

O que eu penso em fazer da minha vida
É encontrar a felicidade, ser feliz
Ficar gostando e não perder o gosto de ser feliz
Encontrar a felicidade
E não perder o gosto de estar gostando”
Livro organizado e apresentado por Viviane Mosé.
Psicóloga e psicanalista, mestre, doutoranda em filosofia pela IFCS-UFRJ e escritora.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

VAI TIMBORA PRO TEATRO...




Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte e Companhia de Dança do Teatro Alberto Maranhão.
Dias 25, 26 e 27 de junho às 20:00h.
Os ingressos custam R$ 10,00 inteira e R$ 5,00 estudante.

Tríptico é o nome do espetáculo, por que é formado por três balés: O “Appalachian Spring” do compositor americano Aaron Copland, O “Aubade” de compositor francês Francis Poulenc e coroando a noite o “Navio Negreiro”, do compositor Danilo Guanais.
Bom isso. Geeeente!

LIVROS DE GENTE BOA


As mulheres do meu pai
José Eduardo Agualusa
Língua Geral
O escritor angolano define como “ficção de viagem” esse seu sétimo romance, que trata dos “novos portugueses”, isto é, os descendentes de africanos que vivem em Portugal.

Homens e não
Elio Vittorini
Cosac Naify
Escrito por um dos principais renovadores da literatura italiana, esse romance passado em Milão, durante Segunda Guerra, fala de sonhos e incertezas.

Almádena
Mariana Ianelli
Iluminuras
Neste seu quinto livro, a autora, que em 2006 foi indicada ao Prêmio Jabuti, reúne poemas sobre o tempo e a natureza.

Babel Babilônia
Nelson de Oliveira Callis
Autor de diversos romances e volumes de contos, o escritor paulista trata do progresso urbano nesse seu novo livro.

O amor é uma coisa feia
Gustavo Rios
7 Letras
Primeiro livro do escritor baiano, essa reunião de contos reflete sobre o amor com humor e melancolia.


Hummm.... noite assim, meio assim e recebo um convite irrecusável à leitura.
Antônio Almeida Calado era manso e tranqüilo como um asno. Desde que percorrera entranhas de sua mãe para desabar no mundo jamais demonstrou qualquer inclinação ao embate. Em seu nascimento, um parto normal e estranhamente tranqüilo, concluíram petrificadas, a angustiada mãe e a parteira da casa que era uma mulher negra e sangüínea, ao não identificarem qualquer manifestação daquela criaturinha imóvel, que o bebê estivesse morto. Ficaram ainda mais chocadas quando sem a menor cerimônia a criaturinha minúscula esticou seus pequenos braços e abriu os olhos displicentemente, como se ali à sua frente não tivesse qualquer novidade: seus olhos eram dois abismos profundos, do mais profundo tédio. Antônio Almeida Calado nascera dormindo. Comentaram alguns presentes que, em vez de chorar, o bebê bocejou
um bocejo demorado, sonolento e bizarro. Isso ocorreu por volta de
1982, em uma manhã comum de uma pequena cidade, realmente
insignificante, e cujo nome não tem qualquer importância.

Texto de Nazianzeno.

domingo, 17 de junho de 2007

Frida Kahlo



“La tragedia es lo más ridículo que tiene ‘el hombre’ pero estoy segura, de que los animales, aunque ‘sufren’, no exiben su ‘pena’en ‘teatros’ abiertos, ni ‘cerrados’ (los ‘hogares’).Y su dolor es más cierto que cualquier imagen que pueda cada hombre ‘representar’ o sentir como dolorosa.” (Diário de Frida Kahlo)
O museu de Belas artes, na cidade do México, comemora com muita saudade os 100 anos de aniversário da sedutora e mais famosa pintora mexicana.
Telas impregnadas de dor e beleza, assim são as pinturas de Frida que durante todo este ano, estarão expostas no principal museo do país.
Frida Kahlo viveu como Diego Rivera recomendou, um dia, a ela: ‘Pega da vida tudo o que ela te der, seja o que for, sempre que te interesse e possa dar certo.’ Ela costumava dizer que ‘a tragédia é o mais ridículo que há’ e ‘nada vale mais do que a risada’. Na madrugada de 13 de julho de 1954, Frida, com 47 anos, foi encontrada morta em seu leito. Oficialmente, o morte foi causada por ‘embolia pulmonar’, mas há suspeita de suicídio.No diário, deixou as últimas palavras: ‘Espero alegre a minha partida - e espero não retornar nunca mais.’
Assim fui apresentada a Frida:
Centro da cidade, em Natal, o cine Rio Verde I já em decadência, prestes a fechar suas portas exibia o filme de Julie Taymor. Salma Hayek como Frida. Foi sentar e não desgrudar os olhos da tela até o fim. Não deu tempo nem para um comentário entre eu, Mileufis e Sauro. Que saudade desses meus amigos!
Pra quem não conhece sua obra vale a pena pesquisar e ver o filme também.