quarta-feira, 16 de abril de 2008


Definitivamente, não se trata de dicas ou soluções mágicas para se obter sucesso nas relações amorosas. O livro Amor líquido, do polonês Zigmunt Bauman, professor hemérito de sociologia nas Universidades de Varsóvia e de Leeds, na Inglaterra, trata de um assunto que muito tem me preocupado nos últimos dias, a fragilidade dos relacionamentos amorosos, o amor que o autor denominou tão sabiamente de “líquido”.
Por coincidência, li um “texto desabafo” de um amigo jornalista a respeito do assunto, sob o pondo de vista de como as relações se estabelecem com extraordinária fluidez e como o amor tornou-se um objeto de consumo descartável. Interessante ler os livros de Zigmund, seus temas são ricos e pautados em estudos sobre os laços afetivos e as sofridas tentativas das pessoas em estabelecer suas parcerias no mundo globalizado.

"Há uma tendência a perceber o mundo como basicamente um enorme recipiente dos potenciais objetos de consumo e de moldar todas as relações humanas conforme o padrão de consumo. Assim, o outro (parceiro, amigo, vizinho, parente) é 'bom' desde que traga satisfação e pode (ou deve) ser descartado quando a satisfação acabe ou se mostre não tão boa quanto se esperava ou quanto a que outra pessoa talvez pudesse fornecer em seu lugar. Outros seres humanos se tornam descartáveis e facilmente substituíveis - como os bens de consumo são ou deveriam ser. Afinal, não fazemos juramento de eterna fidelidade a celulares, televisores, computadores, carros, geladeiras e outros bens de consumo. Quando eles param de funcionar ou são superados por ofertas novas e mais atraentes, nos separamos deles com pouca tristeza e sem escrúpulos… Na verdade, tendemos a comemorar a substituição! Mas esse 'padrão consumista' é contrário aos princípios que conduzem nossos relacionamentos amorosos. Ele envenena a parceria com desconfiança mútua e a enche de constante incerteza quanto às intenções do parceiro. Amplia qualquer desavença mínima a uma proporção gigantesca, dando motivos suficientes para terminar e recomeçar em outro lugar. Assim como devolvemos uma mercadoria imperfeita à loja, exigindo nosso dinheiro de volta… Sob a pressão do consumismo, as relações amorosas se transformam em episódios amorosos: tornam-se frágeis, quebradiças, não-confiáveis - antes uma fonte de medo, ao invés de alegria."


Tácito Costa

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