sábado, 25 de julho de 2009

Bairro de Petrópolis
Por Telga Lima
E foi assim:
Pé ante pé.
Um braço... depois o outro e, finalmente, ainda meio atônita, levantei da cama. Acariciei Cuba, minha gata persa, bem de leve só pra ver aquela longa calda peluda balançando pra mim. Que linda! Sempre quando acordo olho bem para ela e digo isso: - Que linda!
Apesar da pouca coragem para sair da cama, acordei com vontade de criar.
Hoje o meu lado, digamos, “publicitária” falou mais alto. Aos gritos também o meu lado cantora, o meu lado estilista, enfim, o meu lado artista de ser. Então pensei: - Preciso me mexer!
Não raro, em alguns dias da semana, fico meio sem inspiração quando vou escolher as roupas que vestirei para ir ao trabalho e hoje não foi diferente. Fiquei alguns minutos preciosos entre as várias roupas que se misturavam nas araras e as inúmeras bijoux da minha queridíssima amiga e designer Virgínia, de quem eu tenho adquirido peças lindas e exclusivas.
Então, entre as roupas e os acessórios, escolhi um jeans surrado e uma bata preta com renda na barra (renda está em alta). Pus os saltos e isso fez com que eu me sentisse up, porém sem firulas. Escolhi um look básico, para um dia comum.
Na orelha, um brinco com pedras pretas e na cabeça um arco com flores.
Entre o barulho da rua e meu pensamento solto ao vento, pensei em retomar a criação das minhas roupas para a primavera verão. Fabíola da F Bazar, loja onde deixo as minhas peças pra vender, vive me cobrando:
- Onde estão as suas coisas?
Estou em falta com ela e comigo.
Entre um cliente e outro, ligo para a minha designer de bijoux e combinamos o nosso almoço, no lugar de sempre em Petrópolis, nosso bairro preferido, regado a muita moda e risos sinceros e gostosos.
Ficamos ali esperando as surpresas da tarde que ainda estavam por vir.
Depois do peixe com azeite extra virgem, fomos perambular pelas ruas e tomar um delicioso café preto na Le Chocolatier.
Quando estamos juntas, inevitavelmente, o assunto “moda” vem à tona e sem ela não vivemos mais, sem a moda e sem a nossa amizade.
Entre tecido e frufru falamos sobre “Neruda” que ela acabara de ler, em espanhol. Falamos sobre Jean-Paul Sartre & Simone De Beauvoir e a vontade de estarmos em Paris exatamente naquele instante.
Contei-lhe sobre o amor dos publicitários Guilherme Fraga e Chris Guerra, autora do livro “Para Francisco”
Virgínia, com o seu português erudito, entre um gole e outro do café com aspartame, se disse indignada com a vergonhosa situação de desonestidade dos políticos do nosso país. Pagamos a conta.
Observamos as pessoas nas ruas, folheamos algumas revistas na “banca do Tota”, olhamos as vitrinas, uma a uma, e sonhamos em abrir a nossa loja.
Tive uma ideia e falei imediatamente pra ela, antes que a inspiração escorregasse entre os dedos do meu pensamento serelepe.
- Vamos desenvolver a coleção verão para as bijoux? Ela, de pronto, acatou a sugestão.
Fomos para o seu atelier e pensamos em várias coisas bacanas para pôr em prática.
- Nossa! Duas horas da tarde.
Tenho que voltar para a TV. Comentei pasmada.
- Como as horas passam rápido! Ela reforçou o que eu dissera.
Despedi-me a contra gosto e segui caminho. Fui pela tarde.
A melancolia, ela e eu, andávamos juntas, creio que desde o momento em que acordei.
Abri a minha caixa de e-mail e Tácito havia enviado um link que me levaria a um texto de Eliane Brum. O texto que li é uma carta: “Carta de adeus. Minha vida no primeiro ano de sua morte”. Isso me fez chorar.
Esse link levará você ao texto. Se preferir, prove-o aqui mesmo. Logo abaixo tem um trecho, um dos que mais gostei na carta.
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI83213-15230,00-CARTA+DE+ADEUS.html
Parte do texto:
“A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.
A falta de controle sobre o vivido não é uma maldição. Ao contrário, ela nos liberta. Se não ficamos perdendo tempo tentando antecipar e planejar cada passo, podemos nos dedicar apenas a viver. Sem postergar, sem adiar, sem deixar para depois. Se é impossível controlar, para que gastar tempo tentando? O mais sensato é enfiar o pé no mundo, sabendo que vamos nos lambuzar. É a incerteza do que nos espera na próxima esquina o encanto da vida.
Quantas vezes não percebemos, depois de algum tempo, que a suposta catástrofe se revelou o melhor que poderia ter nos acontecido? Como a demissão de um emprego que detestávamos, mas achávamos que era preciso manter porque nos garantia segurança. O casamento que nos aniquilava, mas que pensávamos ter de segurar porque era garantido. A viagem de férias para o mesmo lugar para não nos arriscar nem mesmo à possibilidade de algo novo acontecer. Todas aquelas coisas que soam seguras, mas que matam nosso desejo.”
Bem, o meu dia terminou sem estrelas no céu.

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Um comentário:

Anônimo disse...

AI AI FALAR DE TELGA, OU FALAR SOBRE TELGA!??! DUVÍDA CRUEL!! PQ FALAR, FALO DE QUALQUER UM E TELGA NÃO É QUALQUER UM!! ENTÃO PREFIRO FALAR SOBRE, POIS FALO DE ALGUÉM ESPECÍFICO, ÚNICO, ÍMPAR!

BEM FALAR SOBRE TELGA É UM POUCO DIFÍCIL POIS NÃO HÁ MUITO A DIZER E HÁ MUITO A DIZER SIM!
NESSE POUCOS MESES DE CONVIVêNCIA QUE TEMOS, CONHECI UMA PESSOA TRANSPARENTE, SIMPLES, SINCERA, DOCE, PALHAÇA, FELIZ, DIVERTIDA, E ACIMA DE TUDO AMIGA!!! UMA PESSOA COMO EU...QUE LUTA PELO QUE QUER SEM PASSAR POR CIMA DE NINGUÉM, UMA PESSOA SIMPLES E SOFISTICADA AO MESMO TEMPO...

E COMO DISSE POR AI " NADA ACONTECE POR ACASO"

TÁ COM MEDO???????

BJOS LINDA TE ADORO MIGAAAAAAAA

DEZA!