Por Telga Lima

E é pela atitude de enfiar os pés nas havaianas brancas que estão ao lado da cama que tudo finalmente começa.

A propósito, a noite foi de sonho, de sono bem dormido debaixo de um barulhinho de chuva que provocava um leve frio nas cobertas. E já com os cílios se juntando involuntariamente, foi onde realmente tudo começou.

Sonhar é como colocar o açúcar na xícara do café e pôr geléia na bolacha. É fazer com que o nosso corpo tenha alma.

Enquanto os chinelos me aguardavam pra viver a vida real eu já havia aproveitado o tempo revigorante a que tive direito à noite passada.

Tudo que é essencial para a minha vida estava ali diante de mim: Uma mesa posta em um lugar tranqüilo, decorada ao meu gosto. Meu sorriso no rosto à revelia de todos que por pura infelicidade espreitam a minha vida feito ratos famintos. Para os ratos ofereço-lhes o melhor dos queijos na intenção de que se alimentem e continuem sendo ratos.
A minha existência faz sentido pra mim, e isso me basta.  E é para a lamúria dos fracos, que esse sentido seja importante apenas e exclusivamente pra mim mesma.

A minha vida é, acima de qualquer coisa, encarar o mundo sem a fantasia de entrar no ritmo dos outros, é não desistir de ser suficientemente elegante para retribuir os carinhos que recebo, agradecer as alegrias que compartilho, retribuir afetos. E na garupa do sonho, dê uma piscadela de olhos para o mundo a sua volta. Essa é a base que nos sustenta: Enxergar que tudo que temos é pequeno diante do que somos.

E pra você que vai viajar, o tempo é bom.

Lembre-se! Quando se deparar com as coisas sórdidas da vida, pare no próximo posto, beba uma coca cola e dance a sua própria música sempre.